Projeto Quinta Cultural
Com foco na humanização hospitalar, iniciativa espalhou os acordes de um piano pelos corredores da unidade, ao mesmo tempo em que bailarinas espalharam graça e beleza
Que hospitais são feitos para curar, todos sabem. O que poucos compreendem é que essas unidades têm o dever não só de curar o corpo, mas também sarar a alma. Médicos não são os únicos capazes de tirar a dor. Ouvir os acordes de um piano, o som de um violino, admirar um quadro, uma escultura ou até mesmo uma pequena apresentação de dança são ações que inserem o indivíduo dentro de um cenário em que ele não é só mais paciente, mas sim ator cultural. Ainda que somente admire o trabalho de outros artistas, o ser humano também "realiza" a arte ao admirá-la. Ele a interpreta, dentro de suas vivências, e a transforma naquilo que toda arte se propõe a fazer: colorir cada vez mais a vida.
Na manhã da última quinta-feira, os corredores, por vezes silenciosos, do Hospital de Urgências de Aparecida de Goiânia (Huapa) ficaram movimentados. Inúmeros pacientes, funcionários e acompanhantes pararam um pouco de pensar em medicamentos, dores e doença, e ocuparam a mente com algo diferente. O início do projeto Quinta Cultural Huapa trouxe a certeza de que música, dança e outras expressões culturais combinam sim com os corredores de um hospital.
Aos poucos, o vai e vem das macas foi, ainda que de forma passageira, substituído pelos passos leves das bailarinas Gabriela Andressa, 17, e Lívia Caetano, 16. Enquanto o pianista Eliel Carlos dos Santos tocava músicas como Sonata ao Luar, de Beethoven, e Romance de Amor, de Rivera, as jovens dançarinas começaram a visitar os corredores da unidade, e levar um pouco de movimento para aqueles que, por algum motivo, não poderiam se levantar e apreciar o espetáculo de perto.
Já no final do corredor das enfermarias, onde a música só chegava com a ajuda das caixas de som, a comerciante Ester Machado Sousa, de 46 anos, se emocionou ao ver as jovens se apresentando para a mãe, Ana Machado Bento.
"Me sinto trancada nesse quarto. Na hora que elas passaram no corredor, pedi que dançassem para minha mãe. Isso alivia um pouco a nossa dor", comenta, ao explicar que estava com a mãe, que tem problemas vasculares, realizando exames, e, ao ver a apresentação, se sentiu mais alegre.
A diretora-geral da unidade, Ana Kécia Xavier, acredita que a iniciativa vai possibilitar muito mais do que momentos de distração e conforto. "Trabalhando dentro da humanização hospitalar, queremos ressaltar que a função primeira de uma unidade de saúde é promover a plena recuperação de seus pacientes. Isso inclui, além do atendimento médico que já é prestado com excelência no Huapa, o aspecto emocional", pontua.
De acordo com o neurologista Sávio Nogueira Beniz, inúmeros estudos comprovam a eficácia desse tipo de atividade na reabilitação do paciente internado. "Em alguns estudos foi observada uma melhora substancial na imunidade, diminuição nos sintomas depressivos e também no tempo de internação", afirma explicando ainda que a parte orgânica – o corpo – está totalmente relacionada ao sistema emocional. "Se o emocional não está bom, você pode até curar a parte orgânica, mas é um processo muito mais lento. Atividades que possam trazer felicidade e situações positivas do ponto de vista afetivo para paciente são vistas, em alguns casos, até como parte do tratamento. Isso é uma comprovação científica, concluída no decorrer de muita pesquisa", pontua.
O médico elogia a iniciativa da unidade em criar o Quinta Cultural, e acredita que a ideia possa trazer muitos benefícios para os pacientes atendidos no hospital.
Ao som do piano
Em uma das cadeiras do corredor, o jovem Marcos Paulo Gomes da Silva, de 19 anos, aguardava para entrar na sala de cirurgia e operar o tendão. Logo que os primeiros acordes de piano iniciaram, o paciente pareceu se esquecer completamente das dores nas mãos, e se levantou para acompanhar mais de perto os movimentos do pianista.
"Sou apaixonado por música. Qualquer tipo de música. Nunca tive a oportunidade de aprender a tocar um instrumento, mas gostaria muito", conta o jovem rapaz, que antes de ser encaminhado para o centro cirúrgico, teve a oportunidade de se sentar à frente de um piano pela primeira vez na vida. Ainda que estivesse com as mãos enfaixadas.
Sentadas nas últimas cadeiras colocadas para os presentes, Catarina Lopes de Souza, e sua mãe, Santana Lopes de Souza, apreciavam a música. Dona Santana tem câncer no pulmão, e aguarda transferência para o Araújo Jorge. Há 27 dias dentro do hospital e com Alzheimer já em estado avançado, a mãe de Catarina esboçou breves sorrisos ao ver as bailarinas.
Para os artistas voluntários, principalmente as jovens bailarinas, os encontros também emocionaram. "É a primeira vez que nos apresentamos em um hospital. E foi maravilhoso! Quero fazer mais vezes, pois o clima aqui é completamente diferente dos palcos. Nunca tínhamos tirado tantas fotos em uma apresentação", conta a jovem Gabriela Andressa, que dança há oito anos, se referindo à quantidade de pacientes que pediu para tirar fotos com as jovens.
Pianista autodidata e que trabalha como afinador há 35 anos, Eliel agradeceu a oportunidade de dar início ao projeto. "É uma iniciativa muito importante. Divulga a cultura para pessoas que nem sempre teriam oportunidade de conhecê-la. A música é um fator de integração: ela realiza sonhos e fala diversas línguas", enfatiza.
O projeto Quinta Cultural acontecerá quinzenalmente, sempre às quintas-feiras, e conta com a participação de artistas voluntários. Interessados em fazer parte do projeto podem entrar em contato através do e-mail quintaculturalhuapa@gmail. com ou pelos telefones 3217-8912 e 8913 de segunda a sexta-feira, em horário comercial.
FONTE: http://www.dm.com.br/texto/187686 (EM 25/08/14)
JORNAL DIÁRIO DA MANHÃ (Goiânia-GO)
O projeto, que acontecerá quinzenalmente, sempre às quintas-feiras, trouxe em sua
primeira edição o músico Eliel dos Santos, que apresentou um repertório
clássico com canções como Sonata ao Luar, de Beethoven, Romance de Amor,
de Rivera e Conserto para Piano, de Mozart. Ao mesmo tempo, as bailarinas
Gabriela Andressa e Lívia Caetano, do Centro de Educação Profissional em Artes
Basileu França, percorreram os corredores da unidade em coreografias livres.
Todos os artistas são voluntários e aceitaram o convite para participar com suas
expressões artísticas dessa iniciativa de solidariedade, que valoriza a cultura
e a arte. Interessados em integrar o projeto podem entrar em contato
pelo e-mailquintaculturalhuapa@gmail.com ou por telefone (3217-8912 e
3217-8913), de segunda a sexta-feira, em horário comercial.
primeira edição o músico Eliel dos Santos, que apresentou um repertório
clássico com canções como Sonata ao Luar, de Beethoven, Romance de Amor,
de Rivera e Conserto para Piano, de Mozart. Ao mesmo tempo, as bailarinas
Gabriela Andressa e Lívia Caetano, do Centro de Educação Profissional em Artes
Basileu França, percorreram os corredores da unidade em coreografias livres.
Todos os artistas são voluntários e aceitaram o convite para participar com suas
expressões artísticas dessa iniciativa de solidariedade, que valoriza a cultura
e a arte. Interessados em integrar o projeto podem entrar em contato
pelo e-mailquintaculturalhuapa@gmail.com ou por telefone (3217-8912 e
3217-8913), de segunda a sexta-feira, em horário comercial.
Fonte: Assessoria de Comunicação Huapa Ação realizada no HUAPA dia 14/08/14
FONTE: http://www.saude.go.gov.br/index.php?idMateria=182606 (EM 25/08/14)
LIndo..
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