segunda-feira, 25 de agosto de 2014

APRESENTAÇÃO DE BALÉ, AOS PACIENTES DO HOSPITAL DE URGÊNCIA DE APARECIDA DE GOIÂNIA (HUAPA)

Projeto Quinta Cultural

Com foco na humanização hospitalar, iniciativa espalhou os acordes de um piano pelos corredores da unidade, ao mesmo tempo em que bailarinas espalharam graça e beleza

Que hospitais são feitos para curar, todos sabem. O que poucos compreendem é que essas unidades têm o dever não só de curar o corpo, mas também sarar a alma. Médicos não são os únicos capazes de tirar a dor. Ouvir os acordes de um piano, o som de um violino, admirar um quadro, uma escultura ou até mesmo uma pequena apresentação de dança são ações que inserem o indivíduo dentro de um cenário em que ele não é só mais paciente, mas sim ator cultural. Ainda que somente admire o trabalho de outros artistas, o ser humano também "realiza" a arte ao admirá-la. Ele a interpreta, dentro de suas vivências, e a transforma naquilo que toda arte se propõe a fazer: colorir cada vez mais a vida.
Na manhã da última quinta-feira, os corredores, por vezes silenciosos, do Hospital de Urgências de Aparecida de Goiânia (Huapa) ficaram movimentados. Inúmeros pacientes, funcionários e acompanhantes pararam um pouco de pensar em medicamentos, dores e doença, e ocuparam a mente com algo diferente. O início do projeto Quinta Cultural Huapa trouxe a certeza de que música, dança e outras expressões culturais combinam sim com os corredores de um hospital.
Aos poucos, o vai e vem das macas foi, ainda que de forma passageira, substituído pelos passos leves das bailarinas Gabriela Andressa, 17, e Lívia Caetano, 16. Enquanto o pianista Eliel Carlos dos Santos tocava músicas como Sonata ao Luar, de Beethoven, e Romance de Amor, de Rivera, as jovens dançarinas começaram a visitar os corredores da unidade, e levar um pouco de movimento para aqueles que, por algum motivo, não poderiam se levantar e apreciar o espetáculo de perto.
Já no final do corredor das enfermarias, onde a música só chegava com a ajuda das caixas de som, a comerciante Ester Machado Sousa, de 46 anos, se emocionou ao ver as jovens se apresentando para a mãe, Ana Machado Bento.
"Me sinto trancada nesse quarto. Na hora que elas passaram no corredor, pedi que dançassem para minha mãe. Isso alivia um pouco a nossa dor", comenta, ao explicar que estava com a mãe, que tem problemas vasculares, realizando exames, e, ao ver a apresentação, se sentiu mais alegre.
A diretora-geral da unidade, Ana Kécia Xavier, acredita que a iniciativa vai possibilitar muito mais do que momentos de distração e conforto. "Trabalhando dentro da humanização hospitalar, queremos ressaltar que a função primeira de uma unidade de saúde é promover a plena recuperação de seus pacientes. Isso inclui, além do atendimento médico que já é prestado com excelência no Huapa, o aspecto emocional", pontua.
De acordo com o neurologista Sávio Nogueira Beniz, inúmeros estudos comprovam a eficácia desse tipo de atividade na reabilitação do paciente internado. "Em alguns estudos foi observada uma melhora substancial na imunidade, diminuição nos sintomas depressivos e também no tempo de internação", afirma explicando ainda que a parte orgânica – o corpo – está totalmente relacionada ao sistema emocional. "Se o emocional não está bom, você pode até curar a parte orgânica, mas é um processo muito mais lento. Atividades que possam trazer felicidade e situações positivas do ponto de vista afetivo para paciente são vistas, em alguns casos, até como parte do tratamento. Isso é uma comprovação científica, concluída no decorrer de muita pesquisa", pontua.
O médico elogia a iniciativa da unidade em criar o Quinta Cultural, e acredita que a ideia possa trazer muitos benefícios para os pacientes atendidos no hospital.
Ao som do piano
Em uma das cadeiras do corredor, o jovem Marcos Paulo Gomes da Silva, de 19 anos, aguardava para entrar na sala de cirurgia e operar o tendão. Logo que os primeiros acordes de piano iniciaram, o paciente pareceu se esquecer completamente das dores nas mãos, e se levantou para acompanhar mais de perto os movimentos do pianista.
"Sou apaixonado por música. Qualquer tipo de música. Nunca tive a oportunidade de aprender a tocar um instrumento, mas gostaria muito", conta o jovem rapaz, que antes de ser encaminhado para o centro cirúrgico, teve a oportunidade de se sentar à frente de um piano pela primeira vez na vida. Ainda que estivesse com as mãos enfaixadas.
Sentadas nas últimas cadeiras colocadas para os presentes, Catarina Lopes de Souza, e sua mãe, Santana Lopes de Souza, apreciavam a música. Dona Santana tem câncer no pulmão, e aguarda transferência para o Araújo Jorge. Há 27 dias dentro do hospital e com Alzheimer já em estado avançado, a mãe de Catarina esboçou breves sorrisos ao ver as bailarinas. 
Para os artistas voluntários, principalmente as jovens bailarinas, os encontros também emocionaram. "É a primeira vez que nos apresentamos em um hospital. E foi maravilhoso! Quero fazer mais vezes, pois o clima aqui é completamente diferente dos palcos. Nunca tínhamos tirado tantas fotos em uma apresentação", conta a jovem Gabriela Andressa, que dança há oito anos, se referindo à quantidade de pacientes que pediu para tirar fotos com as jovens.
Pianista autodidata e que trabalha como afinador há 35 anos, Eliel agradeceu a oportunidade de dar início ao projeto. "É uma iniciativa muito importante. Divulga a cultura para pessoas que nem sempre teriam oportunidade de conhecê-la. A música é um fator de integração: ela realiza sonhos e fala diversas línguas", enfatiza.
O projeto Quinta Cultural acontecerá quinzenalmente, sempre às quintas-feiras, e conta com a participação de artistas voluntários. Interessados em fazer parte do projeto podem entrar em contato através do e-mail quintaculturalhuapa@gmail. com ou pelos telefones 3217-8912 e 8913 de segunda a sexta-feira, em horário comercial.

FONTE: http://www.dm.com.br/texto/187686 (EM 25/08/14)
JORNAL DIÁRIO DA MANHÃ (Goiânia-GO) 

O projeto, que acontecerá quinzenalmente, sempre às quintas-feiras, trouxe em sua 
primeira edição o músico Eliel dos Santos, que apresentou um repertório 
clássico com canções como Sonata ao Luar, de Beethoven, Romance de Amor, 
de Rivera e Conserto para Piano, de Mozart. Ao mesmo tempo, as bailarinas 
Gabriela Andressa e Lívia Caetano, do Centro de Educação Profissional em Artes 
Basileu França, percorreram os corredores da unidade em coreografias livres.

Todos os artistas são voluntários e aceitaram o convite para participar com suas 

expressões artísticas dessa iniciativa de solidariedade, que valoriza a cultura 
e a arte. Interessados em integrar o projeto podem entrar em contato 
pelo  e-mailquintaculturalhuapa@gmail.com ou por telefone (3217-8912 e 
3217-8913), de segunda a sexta-feira, em horário comercial.
Fonte: Assessoria de Comunicação Huapa  Ação realizada no HUAPA dia 14/08/14

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